terça-feira, 18 de junho de 2013

Ato no Rio reúne 100 mil, começa em paz, mas minoria provoca confusão


Após quase sete horas de manifestação, o Batalhão de Choque da Polícia Militar encerrou o ato contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro, por volta das 23h45 desta segunda-feira (17). O protesto, que reuniu 100 mil pessoas, começou pacífico, mas um pequeno grupo protagonizou atos de vandalismo, transformando o Centro da cidade num verdadeiro cenário de guerra. Sete pessoas foram baleadas com armas de fogo. Dez pessoas foram presas. Pouco antes de 1h, a Polícia Civil iniciou a perícia no prédio da Alerj.
(O G1 acompanhou em tempo real as manifestações pelo país, em fotos e vídeos: veja relatos no Brasil inteiro, em São Paulo e no Rio.)

 Um grupo menor com camisetas amarradas no rosto ateou fogo e depredou prédios históricos, como o Paço Imperial e a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Pelo menos 27 pessoas, entre manifestantes e policiais, ficaram feridos. Durante o tumulto, cerca de 80 PMs se refugiaram no prédio da Alerj. O grupo saiu apenas com a chegada do Batalhão de Choque. Uma tropa da PM vai reforçar a segurança do prédio durante a madrugada.
A prefeitura do Rio informou que "considera legítimo o direito de as pessoas protestarem contra o que não acham correto no governo". E afirmou ainda "que está disposta a dialogar com os manifestantes, mas que nenhuma liderança do movimento havia se apresentado para negociar." O governo do estado informou que não vai se manifestar.
Os sete baleados por arma de fogo foram levados para o Hospital Souza Aguiar, no Centro. Duas das vítimas foram identificadas como Leonardo Costa da Silva e Leandro Silva dos Santos, este liberado ainda na noite de segunda. Ambos foram atingidos na perna. Uma terceira vítima de um projétil não teve a identificação autorizada pela família. Os outros nomes não foram divulgados pela Secretaria municipal de Saúde. Estudantes de medicina fizeram uma força-tarefa para ajudar nos primeiros-socorros dos feridos.

Manifestante mascarado comemora protesto em frente a grupo de PMs na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) (Foto: Bruno Jenz/Eleven/Estadão Conteúdo)
Manifestante mascarado comemora ato em frente a
Alerj (Foto: Bruno Jenz/Eleven/Estadão Conteúdo)
Tiros e violência
Às 19h55, um pequeno grupo começou a jogar pedras em direção aos policiais militares, que revidaram com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Com o avanço inicial da PM, a multidão recuou. Quando a fumaça de gás baixou, o pequeno grupo avançou violentamente contra os policiais, que se refugiaram nas escadarias da Alerj. Além de pedras, o grupo atacou com fogos de artifício e coquetéis molotov.
PMs tentam se proteger ao observar ação de manifestantes no Centro do Rio (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)
PMs tentam se proteger ao observar ação de
manifestantes (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)
Acuados e aparentando estar sem munição, os policiais entraram na Alerj e tentaram bloquear a entrada do edifício com os escudos. O pequeno grupo avançou, carregando as grades móveis, que serviam de proteção ao prédio da Assembleia Legislativa. Atos de vandalismo, como a queima de automóveis, pichações em pilastras do Paço Imperial e da Alerj, invasão e saques de estabelecimentos seguiram à ação. O clima de tensão foi agravado com disparos de arma de fogo. Policiais Militares atiraram para o alto.

Jovem mostra placa de rua arrancada durante protesto no Centro do Rio (Foto: Priscilla Souza/G1)
Jovem ferido é socorrido por alunos de medicina
(Foto: Priscilla Souza/G1)
Conflitos esporádicos continuaram a ocorrer, até que às 23h40, o Batalhão de Choque chegou com o efetivo de 100 PMs para dar fim à manifestação. Antes da chegada do Choque, 150 policiais do 5º BPM faziam a segurança da manifestação.
Durante o protesto, as principais ruas do Centro ficaram interditadas. Os manifestantes ocuparam as ruas 1º de Março e Araújo Porto Alegre, além das avenidas Rio Branco, Presidente Antônio Carlos e Presidente Vargas. Artefatos foram jogados na garagem do edifício e terminal rodoviário Menezes Côrtes.

Críticas ao grupo violento
A estudante de Ciências Sociais, Júlia Vieira, de 19 anos, criticou a atitude do pequeno grupo de manifestantes que fez uso da violência. "Ontem, eu vi manifestantes feridos, mas hoje o que eu vi aqui foram policiais feridos. Nao é destruindo a cidade que a gente ama, que vamos conseguir alguma coisa. A gente quer mudança na política. Essas pessoas não me representam. Quem me representa é quem quer o bem do Rio, sem violência", disse a jovem.
A estudante de Ciências Sociais, Júlia Vieira, de 19 anos, criticou a atitude dos manifestantes. 'Não é destruindo a cidade que a gente ama que vai conseguir alguma coisa. A gente quer mudança na política. Essas pessoas não nos representam.'' (Foto: Priscilla Souza/G1)
Júlia Vieira criticou a atitude do pequeno grupo
(Foto: Priscilla Souza/G1)
Manifestante mostra cápsula de bala de verdade usada por policiais durante confronto no Centro do Rio (Foto: Priscilla Souza/G1)
Manifestante mostra cápsula de bala
(Foto: Priscilla Souza/G1)
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Paulo Melo (PMDB) classificou como "ato de terrorismo" a invasão de manifestantes à sede da assembleia. "Uma baderna, uma bagunça. Quanto um ato agride ou coloca pessoas em risco, deixa de ser democracia para virar uma anarquia", declarou Melo.
Início da manifestação
A manifestação teve início às 17h, com a concentração na igreja da Candelária, no Centro do Rio de Janeiro. Além do aumento de R$2,75 para R$ 2,95, os participantes também reclamavam contra os gastos públicos com a Copa do Mundo.
Muitos comerciantes fecharam as lojas para dar passagem aos participantes do protesto. Pessoas prestavam apoio ao protesto do alto de edifícios comerciais jogando papel picado.
Manifestante mascarado e enrolado em bandeira do Brasil participa de protesto no Centro do Rio (Foto:  Christophe Simon/AFP)Manifestante mascarado e enrolado em bandeira do Brasil participa de protesto no Centro do Rio (Foto: Christophe Simon/AFP)
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 Do G1 Rio

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