A seca prolongada já afeta 2,3 milhões de paraibanos, cerca de 70% da
população em 198 dos 223 municípios do Estado. São famílias que
enfrentam os efeitos da estiagem, como a fome, a sede e a perda do
rebanho, há mais de três meses. Os 122 açudes monitorados pela Agência
Executiva de Gestão das Águas (Aesa) já perderam 2,1 bilhões de metros
cúbicos de água - a capacidade total é de 3,9 bilhões. As cidades mais
prejudicadas são Triunfo, no Alto Sertão, e Cabaceiras, na região do
Cariri, onde já falta água há um mês.
"Nos próximos 180 dias, vamos continuar com os carros-pipa, a
recuperação de 486 poços e fornecimento de ração", afirma o secretário
estadual de Infraestrutura, Efraim Morais, que coordena o Comitê
Integrado de Enfrentamento à Estiagem. "A situação é crítica. Começamos a
perder a água dos mananciais e fica cada vez mais distante buscar e
distribuir. Doze cidades já racionam água para evitar o colapso", diz.
O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, prorrogou na terça-feira
passada os decretos de situação de emergência de 170 cidades por mais
180 dias. As outras 28 cidades terão os decretos prorrogados no dia 26
deste mês. Segundo Morais, o governo já pediu mais R$ 32 milhões para
mais 180 dias de estiagem ao governo federal, além dos R$ 10 milhões já
liberados para os últimos 90 dias de seca.
Em Pedra Branca, a 480 km de João Pessoa, famílias caminham mais de 5 km
para buscar água com jumentos. A cidade tem apenas 4 mil habitantes e
fica no Vale do Piancó, no Polígono da Seca, formado por 23 municípios.
O agricultor Sebastião Silva já perdeu as cabras que tinha e é um dos
que usam o jumento. "É uma situação difícil, não temos ajuda", reclama.
Fé e protesto. O padre da cidade, Djacy Brasileiro, tem celebrado missas
de protesto dentro de barragens para alertar sobre a situação crítica.
"Vi muito gado morrer e muita gente desesperada. A situação é dramática e
existe morosidade por parte dos governos", diz o sacerdote.
No total, 684 carros-pipa abastecem áreas urbanas e rurais na Paraíba -
239 são do Estado e 445 do Exército. De acordo com o governo, a
Companhia de Desenvolvimento dos Recursos Minerais (CDRM) perfurou neste
ano 169 poços. A Companhia de Água e Esgotos precisou racionar a oferta
de água em 15 cidades e nove distritos.
O Programa Nacional de Agricultura Familiar liberou R$ 18 milhões para o
Estado. Segundo a Secretaria Executiva de Agricultura Familiar, o
dinheiro já foi repassado aos produtores.
Prejuízo. A perda chega a 40% do rebanho animal e a 90% da safra
agrícola, de acordo com o governo. A falta de chuva afeta cerca de 60
mil produtores e causa prejuízos. Alimentos e água tiveram quase 50% de
aumento nas áreas de seca.
Política PB com ESTADÃO
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