Manifestantes
islamitas voltaram às ruas do Cairo e de Alexandria nesta quinta-feira
(15), um dia após a violenta dispersão dos acampamentos de manifestantes
no Cairo ter deixado pelo menos 525 mortos, 482 deles civis.
Novos
incidentes já deixaram pelo menos 8 policiais mortos, segundo as forças
de segurança. Sete mortes ocorreram em dois ataques em Al-Arish, no
norte do Sinai, e uma em Assiut.
Manifestantes
incendiaram a sede administrativa do governo de Gizé, no Cairo,
anunciou a rede de televisão estatal egípcia. A sede do governo de Gizé,
província que faz parte da metrópole Cairo, estava em chamas, segundo
imagens da rede de televisão CBC.
Centenas de islamitas também foram às ruas de Alexandria, desafiando o estado de emergência adotado na véspera.
O
governo do Egito, em comunicado, disse que está determinado a enfrentar
o que chamou de "atos terroristas" cometidos por membros da Irmandade
Muçulmana.
Dia mais violento
A quarta-feira foi o dia mais violento desde a revolta que derrubou o ditador Hosni Mubarak do poder, no início de 2011.
As
duas praças em que os islamitas faziam vigília foram invadidas e
violentamente desalojadas pelas forças de segurança e pelo exército.
Após
os confrontos, o exército instaurou estado de emergência durante um mês
no país, com um toque de recolher no Cairo e em metade do Egito, das
19h (14h0 de Brasília) às 6h (1h).
O
governo do Egito anunciou ainda o fechamento por tempo indeterminado da
passagem de fronteira com o território palestino da Faixa de Gaza.
Centenas de trabalhadores palestinos atravessam todos os dias a passagem de Rafah, na península do Sinai.
Turquia sugere ida ao Conselho de Segurança
A
decisão de dissolver à força as concentrações da Irmandade desafiou os
apelos ocidentais por moderação e por uma solução negociada na crise
política egípcia. Muitos países --mas não todos-- condenaram
imediatamente o fato.
O
primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, propôs na
quinta-feira que o Conselho de Segurança da ONU reúna-se rapidamente
para tomar uma providência contra o governo egípcio.
Já
os Emirados Árabes Unidos, um dos vários países árabes que ficaram
incomodados com a vitória de Mursi na eleição presidencial de 2012,
manifestaram apoio à ação das forças oficiais, elogiando o fato de o
governo ter "exercido o máximo autocontrole".
No
local onde ficava um dos acampamentos, garis recolhiam nesta
quinta-feira os restos ainda fumegantes das barracas, e soldados
desmontavam o palanque que havia no meio do terreno. Um veículo blindado
queimado estava abandonado no meio da rua.
A
Irmandade Muçulmana disse que o número de mortos foi bem superior,
sendo que um porta-voz chegou a falar em 3.000. É impossível verificar
de forma independente a dimensão da violência.
Estado de emergência
O
estado de emergência e o toque de recolher devolvem ao Exército poderes
de prender suspeitos indefinidamente, algo que vigorou durante décadas
no Egito até a rebelião popular que derrubou o ditador Mubarak, em 2011.
O
Exército diz não desejar manter o poder, e argumenta que interveio para
destituir Morsi em julho atendendo ao forte clamor popular pela
renúncia dele.
O
governo provisório instalado depois disso prometeu realizar novas
eleições em cerca de seis meses, mas os esforços para restaurar a
democracia no Egito estão sendo ofuscados por uma crise política que
polarizou o país entre grupos pró e anti-Morsi, primeiro presidente
eleito democraticamente na história egípcia.
O
vice-presidente Mohamed ElBaradei, ganhador do Nobel da Paz em 2005 e
principal nome liberal no governo provisório, renunciou em protesto
contra a violência.
Morsi ainda preso
Autoridades
judiciais do Egito estenderam por 30 dias a detenção de Morsi, informou
a agência estatal de notícia egípcia nesta quinta-feira.
Morsi está sendo mantido em um local não revelado sob acusações de assassinato e espionagem.
@folhadosertao
com G1
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