A
secretária estadual de Comunicação do Estado, Estela Bezerra, comentou,
nas redes sociais, no final da noite desta sexta-feira (19), a matéria
veiculada no Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, informando que
o governador Ricardo Coutinho (PSB) e o vice-governador Rômulo Gouveia
(PSD) estão sendo acusados pela Policia Federal (PF) de envolvimento em
supostas irregularidades no projeto Jampa Digital, rede que deveria
levar internet gratuita e sem fio a população de João Pessoa (PB).
No Facebook, Estela condenou a matéria e descartou o envolvimento do
governador. Segundo a secretaria, Ricardo sequer foi ouvido nas
investigações. Ela também disse que em nenhum momento o Jornal Nacional
se propôs a ouvir as versões de Ricardo e Rômulo.
“Matéria sobre investigação do Jampa Digital afirma que Ricardo e
Rômulo não se pronunciaram. Na verdade, o Jornal Nacional não procurou
ouvir ninguém. Entramos em contato com a redação da Globo e questionamos
afinal, o inquérito em nenhum momento citou ou convocou o governador
para depor. É estranho por que a investigação enviada para o STJ corre
em segredo de justiça, não foi conclusa e o governador não foi
notificado em qualquer momento”, postou Estelizabel no Facebook.
“Até o momento o governador não foi notificado para prestar qualquer
esclarecimento por nenhum dos órgãos oficiais de controle ou
investigação envolvidos, ou seja, CGU, PF e TCU. Causa estranheza esse
questionamento por parte da imprensa, pois até onde se sabe o nome do
governador não está relacionado à investigação (o que seria, se
estivesse, da competência do STJ). Além disso, o inquérito policial que
até onde se sabe, não envolve o governador, encontra-se sob segredo de
justiça”, acrescentou a secretaria nas redes sociais.
A secretária destacou que a matéria, com o suposto indiciamento do
governador, que sequer foi ouvido nas investigações, é passível de ação
judicial para reparação da verdade. Já o procurador-geral do Estado,
Gilberto Carneiro, revelou que irá adotar as medidas jurídicas cabíveis
para evitar abusos cometidos, seja no desenrolar do processo, seja pela
imprensa. Gilberto afirma que o inquérito está servindo mais para
especulações pela imprensa, que para o conhecimento das pessoas citadas.
VEJA ABAIXO MATÉRIA PUBLICADA NO SITE DO JORNAL DA GLOBO
Foram desviados mais de R$ 1 milhão de um programa que deveria levar
internet de graça para a população de João Pessoa, na Paraíba. A Polícia
Federal indiciou 23 pessoas. Entre elas, estão o vice-governador Rômulo
Gouveia e o publicitário Duda Mendonça. O Jornal da Globo teve acesso,
com exclusividade, aos detalhes dessa investigação.
O relatório da Polícia Federal tem 148 páginas. As provas indicam que
23 pessoas participavam do esquema. Todos os suspeitos foram indiciados.
Segundo a PF, o Projeto Jampa Digital foi criado para desviar dinheiro
público. Desde o inicio, já se sabia qual empresa ganharia a licitação,
de quanto seria o superfaturamento e para onde os recursos seriam
desviados.
Em 2012, o Fantástico mostrou que dois anos depois de anunciado, o
programa, criado para levar internet de graça à população de João
Pessoa, ainda não funcionava na capital paraibana. O Jampa, orçado em R$
39 milhões, seria custeado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. A
vencedora da licitação para implantação do projeto foi a empresa Ideia
Digital, que tem sede em Salvador. Segundo a Polícia Federal, a empresa
superfaturou o projeto em R$ 1,6 milhão. A investigação descobriu ainda
que R$ 1,1 milhão foram repassados pela Ideia a empresas fantasmas em
São Paulo.
O dinheiro teria sido usado para pagar despesas de campanha do atual
governador do Estado da Paraíba, Ricardo Coutinho, do PSB, e do vice,
Rômulo Gouveia, do PSD. A polícia identificou também o envolvimento de
José Eugenio de Jesus Neto nas transações financeiras com as empresas
fantasmas. Segundo a polícia, José Eugênio era diretor financeiro das
empresas do publicitário Duda Mendonça, que foi o responsável pela
campanha de Ricardo Coutinho ao governo da Paraíba em 2010.
Até agora, foram indiciados o publicitário Duda Mendonça por lavagem de
dinheiro, o vice-governador da Paraíba, Rômulo Gouveia, por corrupção e
outras 21 pessoas por participação no esquema. Entre elas, estão
empresários e funcionários públicos.
A Polícia Federal também encaminhou a investigação ao Ministério
Público Federal e recomendou que sejam apuradas as participações no
esquema do governador Ricardo Coutinho, de dois deputados federais.
Todos têm foro privilegiado.
"A nossa ideia sempre é trazer provas pra que a Justiça possa condenar
efetivamente aqueles que participaram, mas de forma completa, para
entender todo mecanismo dessa engrenagem dessa organização considerada
criminosa por nós", diz Marcello Diniz, superintendente da Polícia
Federal/PE.
A assessoria de imprensa do governo da Paraíba desconhece que o
inquérito tenha citado o governador Ricardo Coutinho e que ele não foi
notificado. Segundo a assessoria, as empresas investigadas não foram
doadoras da campanha e as contas relativas às eleições de 2010 foram
aprovadas pela Justiça Eleitoral. A assessoria disse que Rômulo Gouveia
já prestou todos os esclarecimentos sobre o caso e que ele não se
envolveu no processo licitatório ou de execução do projeto.
Antônio Carlos de Almeida Castro, advogado de Duda Mendonça, afirmou
desconhecer o indiciamento do publicitário e que Duda Mendonça recebeu
R$ 500 mil da campanha eleitoral de Ricardo Coutinho. José Eugênio de
Jesus Neto, ex-diretor financeiro das empresas de Duda Mendonça, foi
procurado pela produção do Jornal da Globo, mas não retornou.
Em nota, a assessoria de imprensa da empresa Ideia Digital afirmou
desconhecer o relatório da Polícia Federal e o indiciamento dos
proprietários.
WS
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