quarta-feira, 19 de junho de 2013

Prefeito de Juazeiro do Norte é liberado após cerco de manifestantes

Polícia tenta resgatar prefeito cercado em carro-forte (Foto:  Normando Sóracles/Agência Miséria)
Polícia tentou resgatar prefeito em carro-forte
O prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macedo (PMDB), foi libertado por volta da 23h30 desta terça-feira (18), após ser sitiado por manifestantes dentro de uma agência do Banco do Brasil do município, no Sul do Ceará. A agência fica localizada ao lado da Praça Padre Cícero, onde cerca de oito mil pessoas realizavam uma manifestação contra a redução do salário dos professores. O cerco, iniciado por volta das 17h desta terça, durou mais de seis horas.

A Força Tática da Polícia Militar foi acionada e, após uma tentativa frustrada de negociação, entrou em confronto com os manifestantes, usando spray de pimenta para dispersar a multidão.
O prefeito Raimundo Macedo saiu da agência bancária em um carro da PM, sem ferimentos. Ao menos um manifestante se feriu levemente no confronto e outro desmaiou devido ao uso do spray.
A atuação da Força Tática provocou ainda mais protestos, e os manifestantes não deixaram a área após a saída do prefeito.
Sitiado
Cerca de oito mil pessoas realizavam uma manifestação contra a redução do salário dos professores na Praça Padre Cícero, onde fica a agência do Banco do Brasil. Ao saberem que Raimundo Macedo se encontrava no interior do Banco, os manifestantes impediram a sua saída e, com palavras de ordem, pediram o impeachment do prefeito.
A polícia tentou resgatar o prefeito em um carro-forte, mas temeu ferir manifestantes.
Cerca de 150 policiais militares e agentes da guarda municipal de Juazeiro do Norte estiveram no local. Raimundo Macedo foi posto pela Policia Militar dentro de um carro de transporte de valores, que foi cercado pela multidão. Os manifestantes são principalmente professores da rede municipal de ensino, que protestavam contra a lei aprovada que reduz bônus salariais da categoria em até 40%. Na manhã desta terça-feira, a prefeitura foi pichada em sinais de protesto.
Os professores também questionam a realização da festa junina JuaForró, que começa nesta terça-feira (18), ao custo de R$ 621 mil. A festa conta com atrações como Elba Ramalho e a banda de forró Aviões do Forró. “Achamos tudo isso o maior absurdo e a gente já expressou isso. Tudo bem que é outra verba [da secretaria de Cultura, mas como é que você deixa a educação nessa situação e tem tudo para gastar com uma festa como o JuaForró?”, questiona a representante sindical e professora Mazé dos Santos.
A prefeitura de Juazeiro do Norte afirmou que não houve redução nos salários dos professores da rede pública de ensino na manhã desta terça-feira. De acordo com a procuradora do município, Mariana Gurgel, "a lei não traz qualquer redução salarial". "O que se fez foi incorporar 10% que seria da gratificação para o salário base", afirmou.
Greve
Os professores da rede municipal de Juazeiro do Norte decidiram em assembleia geral entrar em greve por tempo indeterminado, após a aprovação do projeto de lei que altera o Plano de Cargos Carreiras  e Remuneração. A paralisação iniciou quarta-feira (12), os professores acreditam que afirma que alguns servidores terão redução salarial de até 40%.
Entenda a lei que reduz bônus
A lei aprovada também reduz o nível de aumento salarial por tempo de carreira. Antes da aprovação, cada professor recebia automaticamente um aumento de 5% no salário a cada três anos no serviço público, um bônus por tempo de carreira.
Com a mudança, o aumento a cada três anos passa para 3%. "Uma preocupação extra é com os professores que estão afastados das salas de aula por doença e que agora perdem a gratificação de regência de classe. Tem professor com redução de R$ 900 no salário", explica.
O Ministério da Educação estabelece o valor de R$ 1.567,00 como piso para docentes. Em Juazeiro do Norte, somando as gratificações, os professores recebem R$ 2.193,00. A Secretária de Educação, Célia Viana, diz que a redução é necessária. “Nós precisamos fazer um reajuste nessa folha porque, como está, está sendo impossível pagar. A gente reconhece que, em certa parte, está atingindo os nossos servidores, mas a gente precisava mesmo rever isso”.

 Do G1

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