Vestido
com trapos, descalço, com o corpo cheio de feridas e picadas de
insetos, cabelo e barba por fazer, o agricultor Gilmar Jesus Reolon, 46
anos, foi localizado na madrugada de sexta-feira (11) em meio a uma mata
no município de Francisco Beltrão, a 459 km de Curitiba, onde vivia
isolado e escondido há três anos. Reolon estava na lista dos mais
procurados do estado, suspeito de matar o pai, 69 anos, a sogra, 84
anos, a esposa, 43 anos, dois filhos - uma menina de 14 anos e um
menino de 9 anos - e uma menina de 13 anos. Todos os crimes foram
cometidos com extrema brutalidade. Reolon matou o pai com uma foice. A
mulher, os filhos e a sogra foram executados a pauladas e depois tiveram
os corpos carbonizados. A menina de 13 anos, assassinada dias depois da
chacina quando Reolon invadiu uma casa em busca de alimentos, foi
atingida com pedradas e golpes de facão desferidos na cabeça. Na época,
os crimes causaram forte comoção na população paranaense.
Ao
ser capturado, Reolon confessou todos os crimes e forneceu detalhes das
mortes, afirmando que havia tentado o suicídio por diversas vezes. Os
crimes ocorreram em janeiro de 2010 na região de Enéas Marques, a 18 km
de Francisco Beltrão. Durante os últimos três anos, a polícia
paranaense havia checado informações apontando a presença de Reolon em
cidades do interior paulista, por onde a policia local espalhou fotos,
no Paraguai e no Peru. O local onde foi encontrado estava a poucos
quilômetros da área onde ocorreram os assassinatos. Para sobreviver
durante os últimos três anos, o agricultor se alimentava com verduras e
carne de gado que roubava das propriedades vizinhas. Reolon falou que
não teve contato com ninguém e nem saiu da mata durante este período.
Os crimes
A
primeira vitima do agricultor foi o próprio pai, Otávio Reolon, no
final de dezembro de 2009. Ao confessar o crime, Gilmar Reolon contou
que o assassinato ocorreu por vingança e por desentendimentos devido a
uma dívida. Segundo ele, aos 12 anos, depois de uma surra, havia jurado
que mataria o pai. "Eu tinha uma divida e ele tentou me cobrar duas
vezes. Como havia uma promessa e ele tentou me agredir na discussão, eu o
empurrei e passei a mão numa foice e parti para cima dele", disse.
O
agricultor falou que depois do crime ficou preocupado em ser preso e
sua família "passar fome e vergonha". Para evitar que isso ocorresse, em
6 de janeiro de 2010, ele entrou em casa armado com um pau e matou a
sogra Petrolina Casanova, de 84 anos, a mulher Gema Casanova, 43 anos, a
filha Gisele, 14 anos, e o filho Lucas, de 9 anos. Todos foram mortos
com pauladas na cabeça. Em seguida, ele tentou o suicídio, se jogando
com um veículo no rio, mas não conseguiu concretizar o intento. No dia
seguinte, decidiu retornar ao sítio onde morava e colocou fogo na casa.
Partiu para a mata, onde mais uma vez tentou se matar por enforcamento.
"Mas o galho da árvore quebrou", disse ele.
Reolon
disse ter passado quase uma semana sem comer para tentar contrair uma
doença e morrer. Como permaneceu vivo, resolveu invadir uma casa em uma
propriedade próxima da mata para roubar alimentos. Indiamara Pereira dos
Santos, 13 anos, estava sozinha na residência. Os familiares da menor
haviam saído para ajudar um vizinho que estava se mudando e a menor não
quis acompanhar, preferindo ficar assistindo televisão. Ao encontrara
menina e com medo de ser reconhecido, Reolon a matou com golpes de
pedras e de um facão que carregava e arrastou o corpo para a mata, onde
voltou a se embrenhar.
No
inicio das investigações da chacina na casa de Reolon, a polícia chegou
a solicitar que máquinas retroescavadeiras vasculhassem os escombros do
incêndio, acreditando na possibilidade de encontrar o corpo do
agricultor. Com o passar do tempo e o sumiço de Reolon, ele passou a ser
considerado o principal suspeito das mortes de seus familiares.
Roubo de Gado
Em
2012, a polícia esteve perto de prender o agricultor por diversas
vezes, ao investigar o roubo e abate de gado na região. Em janeiro, os
policiais localizaram um acampamento na mata, próximo à casa onde Reolon
matou o pai. Fios de cabelo do agricultor foram encontrados no local e
encaminhados para exames de DNA. Os policiais localizaram bananas, milho
verde, batata, mandioca, abóbora e moranga, alimentos plantados nas
propriedades da região. Ontem, Reolon disse ter mudado de esconderijo
por diversas vezes e, em pelo menos uma ocasião, chegou a avistar
policiais em seu encalço. Ele porém, sempre permaneceu no interior da
mata, só transferindo o acampamento.
O
agricultor confessou ter roubado e matado 10 cabeças de gado, retirando
apenas parte da carne do animal. "Cortava apenas a parte da barriga e
do traseiro do animal. O resto eu abandonava", revelou.
Localização suspeita
Quando
policiais militares entraram na mata na manhã de sexta-feira para
retirar Reolon, o agricultor já estava dominado pelo policial militar
José Gilmar de Oliveira, que estava acompanhado por Ildemar Reolon,
irmão do suspeito. Os dois contaram que estavam no local investigando o
roubo de gado e encontraram o procurado. Ildemar é compadre do soldado.
A
versão apresentada não convenceu o delegado da 19ª Subdivisão Policial
de Francisco Beltrão, David Ricardo de Andrade Passerino. Ele desconfia
que Ildemar já tinha conhecimento do esconderijo do irmão no interior da
mata e o estaria acobertando. Ele e o soldado da PM serão investigados.
Fonte-@Folhadosertao
Terra
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