quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Sertanejo carrega sentimentos de desespero e esperança ao conviver com a seca na Paraíba


O sertanejo é antes de tudo, forte. A frase célebre da obra Os Sertões de Euclides da Cunha, no início do século passado, ainda traduz as características do povo nordestino em pleno século XXI.
A maior seca dos últimos 40 anos, castiga pessoas e leva à morte rebanhos inteiros. O agricultor durante a seca é humilhado pelas circunstâncias. A falta de chuva rouba-lhe todo o orgulho e o deixa dependente dos outros e o faz sofrer com a impotência. Mesmo com o calor sufocante e a garganta seca, o sertanejo guarda consigo o que ninguém consegue roubar que é a esperança.
Antonete Estrela, de 67 anos, mora na comunidade Várzea da Jurema, na zona rural de Sousa. Sob um sol causticante e temperaturas superiores a 40º, a dona de casa afirma que a estiagem deste ano é a maior que já viu na vida. Poucos quilômetros depois na Lagoa dos Estrelas, também na zona rural de Sousa, Maria do Socorro Oliveira, outra agricultora com a face marcada por ter vivenciado muitas estiagens, conta o drama do rebanho que espera pela hora da morte no Sertão castigado pela falta de água. “Os bichos estão se acabando. Morrendo de fome”, afirma.
Ao percorrer o Sertão dá para se sentir o cheiro da morte. Às margens das estradas é possível ver carcaças de animais.
O Padre Djaci Brasileiro, vigário há 18 anos, disse que o Sertão se transformou em um verdadeiro cemitério a céu aberto.
Em meio a tanto sofrimento surgem histórias que se transformam em folclore no Sertão da Paraíba. As altas temperaturas chegam a chocar ovos de galinha, segundo alguns agricultores.


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