“A campanha viola a autonomia do Judiciário”. A afirmação, dada nesta
sexta-feira (16), é do presidente da Associação dos Magistrados da
Paraíba (AMPB), juiz Horácio Melo, em relação à campanha do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), que cobra dos juízes de Direito a presença
obrigatória nas comarcas do interior, de segunda a sexta-feira.
De
acordo com o juiz paraibano, a contestação não diz respeito à
obrigatoriedade dos juízes no local de trabalho durante toda a semana,
mas sim, sobre a interferência implicada pelo CNJ com a realização
da
campanha. “A presença dos juízes na comarca é obrigatória. O juiz deve
estar na comarca todos os dias da semana. Defendemos isso. O que não
aceitamos a interferência do CNJ na autonomia do Judiciário”,
argumentou.
A campanha voltada, segundo o próprio CNJ, a
magistrados conhecidos nos meios forenses como 'TQQ' (aqueles que
trabalham apenas de terça à quinta-feira) foi lançada pelo CNJ no último
dia 31 de outubro, em João Pessoa, pelo corregedor do órgão, ministro
Francisco Falcão. O evento foi ‘boicotado’ pela AMP, que não enviou
nenhum representante à solenidade.
Nessa semana, de acordo com
reportagem do site ‘Consultor Jurídico’, outras associações de
magistrados também corroboraram com os protestos. Os presidentes da
Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação Nacional
dos Magistrados Estaduais, formalizaram as queixas por e-mails enviados
ao CNJ, ponderando a iniciativa do ministro Francisco Falcão, e
manifestando preocupação com a campanha para promover a permanência dos
juízes nas comarcas durante toda a semana.
Ainda segundo a
matéria, Para Nino Toldo, presidente da Ajufe e juiz do Tribunal
Regional Federal da 3ª Região, há comarcas que não oferecem ao juiz
condições adequadas para moradia, o que justifica que ele resida em
município próximo. “Estimular que o juiz resida em sua comarca pode
parecer adequado, mas isso deve ser feito com cuidado e observadas as
devidas situações específicas, conforme a própria Constituição
autoriza”, afirmou ao site.
Na Paraíba, a AMP também contesta
essa obrigatoriedade. A entidade encaminhou documento escrito ao
corregedor do CNJ quando ele veio a João Pessoa lançar a campanha.
Durante a solenidade que foi realizada no salão nobre do Tribunal de
Justiça, nenhum representante da Associação dos Magistrados se fez
presente.
Nese sábado, a AMP realiza uma assembeia para ouvir
todos os juízes da Paraíba. Segundo o presidente da entidade, contudo, a
assembleia não tratará especificamente do tema e nem foi convocada com
esse objetivo.
A exposição dos juízes pelo Conselho Nacional
de Justiça também incomoda as associações de magistraddos. Um juiz
paraibano, que pediu para não ser identificado pela reportagem,
confirmou que há uma insatisfação da classe com a campanha do CNJ.
Fonte- Portal Correio
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